Governo do Estado lança Unidades Demonstrativas da Epamig para levar novas tecnologias ao campo

Publicado em: 7 de Maio de 2018, há 6 anos.

 O Governo de Minas Gerais está levando novas tecnologias ao campo, para a intensificação e diversificação de culturas agrícolas no Leste e Nordeste do estado. A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), com a participação de diversos parceiros, lidera o projeto de instalação de 20 unidades demonstrativas.

Unidade Demonstrativa é um projeto novo para contemplar regiões onde não existem fazendas experimentais da Epamig. A primeira a ser implantada é em Teófilo Otoni, no Território Mucuri, a 447 km de Belo Horizonte. A área disponibilizada tem 1,5 hectares.

O espaço será distribuído entre culturas de café, hortaliças agroecológicas e forrageiras para alimentação animal. O acesso dos produtores à unidade se dará por meio de dias de campo, encontros técnicos, cursos, orientações ambientais e prestação de assistência técnica e extensão rural. Inicialmente, o objetivo é ampliar consideravelmente a produção do café conilon nas localidades atendidas.

As outras 19 unidades serão anunciadas quando houver consolidação das parcerias entre os diversos órgãos, inclusive, as prefeituras municipais. O Leste e o Nordeste de Minas Gerais têm características climáticas adequadas para o plantio de café e se assemelham a regiões do Espírito Santo, estado que possui a maior área plantada da variedade conilon no Brasil.

Com o aumento da temperatura – resultado do aquecimento global – existe possibilidade de diminuição de áreas para plantio do café arábica nos próximos anos. A variedade, que é considerada mais nobre, pode perder espaço na produção mineira, a maior do país. Diante desse quadro, o Governo do Estado trabalha no estímulo à produção do café conilon, variedade resistente a altas temperaturas, entre outros fatores combinados.

Novas fronteiras

Segundo o diretor de Operações Técnicas da Epamig, Trazilbo José de Paula Júnior, a ideia é montar as unidades demonstrativas e colocá-las à disposição para capacitar técnicos e produtores em eventos que vão ser liderados, principalmente, pela Emater e prefeituras.

“É um modelo alternativo com a inserção de parcerias. Temos trabalhado pesquisas que podem ser levadas a essas regiões, por meio das unidades, que serão o futuro. Hoje não há recursos nem mão de obra para criarmos as fazendas experimentais como no passado”, afirma.

As unidades demonstrativas receberão assistência dos pesquisadores que hoje estão lotados nas fazendas experimentais da Epamig Sudeste, em Viçosa (Território Caparaó), e Nova Porteirinha (Território Norte). Os dois campi experimentais da Epamig Sudeste com experiências em café conilon estão localizados em Oratórios e Leopoldina.

A iniciativa da Epamig é servir como aglutinador, como está ocorrendo em Teófilo Otoni, cujo plantio do café conilon deve ocorrer na época das chuvas, mas outros já podem ser realizados. “A prefeitura nos visitou em 2016, quando já tínhamos essa possibilidade. Agora, com as demais parcerias acertadas, começamos a desenvolver mudas do café conilon em Leopoldina e no Espírito Santo para esse projeto agroecológico”, observa Trazilbo Júnior.

O prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira, lembra que desde quando foi secretário municipal de Agropecuária, buscava uma unidade da Epamig para o município. Ele salienta que a chegada da Epamig agora é um projeto que inaugura um olhar diferenciado.

“Trazer esse projeto para a nossa região significa que o Governo não é só das Minas, ele pode ser também das Gerais, porque somos geraiseiros. Pensar em desenvolvimento da agricultura, da pecuária sem o princípio da agroecologia não tem sentido para nós. Todos os problemas de hoje, como a escassez de água e falta de produtividade na agricultura, podem ter certeza de que no passado, ninguém olhou para o meio rural com a perspectiva agroecológica”, diz Sucupira.

Parcerias para o desenvolvimento

O projeto tem R$ 400 mil de recursos liberados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para criação das 20 unidades. Outros recursos também poderão ser incorporados para que o projeto alcance os resultados esperados.

Além disso, foi firmado acordo de cooperação técnica com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e parceria com a Prefeitura de Teófilo Otoni, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Instituto Estadual de Florestas (IEF), Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Instituto Federal do Norte de Minas (IFNM) e a Ong Gepaf - Grupo de Extensão e Pesquisa em Agricultura Familiar.

“Como diretor da Epamig, a nossa expectativa é muito positiva para fazer um atendimento mais adequado a essas regiões que têm poucas ações. Queremos levar tecnologias a fim de proporcionar desenvolvimento, principalmente, na vertente agroecológica. Essa região poderá se tornar modelo nessa linha de pesquisa”, explica Trazilbo.

Para o sociólogo e assessor da diretoria da Emater-MG, Edmar Gadelha, a iniciativa que se inicia por Teófilo Otoni fortalece a agricultura familiar numa região que vem sofrendo com as mudanças climáticas e seus impactos, inclusive com pouca chuva e erosão do solo.

Gadelha reforça a convergência da Emater-MG e Epamig. “A agricultura familiar demanda pesquisa e utilização de tecnologias mais sustentáveis, bem como assistência técnica efetiva. E no estado ainda temos o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que é imprescindível na certificação dos produtos. Esse tripé se junta aos outros parceiros que se somam nessa empreitada”, ressalta.

O assessor da Emater-MG lembra que os modelos de sistemas de produção tradicionais eram muito centrados na monocultura e nas demandas de crédito para financiar as tecnologias. Agora, diz ele, o trabalho conjunto entre instituições e Ongs valoriza a agroecologia e amplia o seu alcance social nas diversas regiões contempladas com o projeto.

Atento às práticas agroecológicas, o sociólogo informa que Minas Gerais, vai sediar, de 31 de maio a 3 de junho, o 4° Encontro Nacional de Agroecologia. A expectativa é de reunir até cinco mil participantes, no Parque Municipal Américo Renné Gianetti, em Belo Horizonte, entre pesquisadores, extensionistas, gestores, povos tradicionais e produtores de todas as regiões do Brasil.

De acordo com o professor Renildo Ismael Felix da Costa, diretor-geral do campus do Instituto Federal do Norte de Minas (IFNM), em Teófilo Otoni, o projeto do Governo do Estado, liderado pela Epamig, traz esperança para uma região carente de ações voltadas para a inovação, sobretudo no que se refere à agropecuária.

“O instituto tem sido um grande mobilizador e sempre enxergou a oportunidade de parceria com a Epamig para fortalecer ações de desenvolvimento. Temos tradição em cursos de agropecuária e queremos trazer esse know-how para a região”, ressalta Costa.

O diretor do IFNM reconhece que o Vale do Mucuri já teve destaque na produção de café e ainda hoje se sobressai na pecuária de leite e de corte, com tradição na agricultura familiar, inclusive com os descendentes de alemães.

“Estamos enxergando a possiblidade de desenvolver o setor agropecuário, inclusive com cursos em andamento em Teófilo Otoni e Itambacuri. Temos dois projetos de pesquisa aprovados para a formação de núcleos de agroecologia. A presença da Epamig aumenta as nossas expectativas”, conclui Renildo.

Liderança de Minas Gerais

Minas Gerais é líder na produção de café com mais de 50% de tudo o que se produz no Brasil A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para 2018 é de que o país colha 56,48 milhões de sacas (60 kg), o que representa um terço da produção mundial.

O Brasil exporta 60% de sua produção e os 40% restantes são destinados ao consumo interno. Estima-se também que existam 300 mil estabelecimentos produtores de café, sendo 80% de cafeicultura familiar. A produção anual mineira atinge cerca de 30 milhões de sacas.

Há anos o Brasil tem se destacado como o maior produtor, exportador e segundo maior consumidor de café no mundo. Conforme o estudo da Conab 2018, a área plantada com a cultura em 2018 (arábica e conilon) é 2,203 milhões de hectares. A próxima safra brasileira de café está estimada em 56,48 milhões de sacas, com produtividade média de 29,47 sacas por hectare.

Fonte: Agência Minas

Publicado em: 7 de Maio de 2018, há 6 anos.